Pamonha

Tiago Zarowny
2 min readOct 31, 2023

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Quando a pamonha de piracicaba faz frio faz calor no pastel de feira que é frito no óleo de peroba que lustra essa tua cara de pau que eu um dia amei mas que hoje acho pamonha e quero pamonha e como pamonha e sou assim. Quando faz calor a areia da praia queima e o pé queima e a pele queima e o Sol faz força, a gente se refresca mas o calor permanece apesar da refrescância e da ânsia em sair daqui em ir pra ali, em fugir pra lá em fugir pra onde faz frio. Pra onde tem pamonha. E pra onde faz calor.

O calor é o movimento onde o pastel de feira foi frito, onde o bolinho de chuva foi frito. Onde eu frito o que frito e onde há movimento não há frio. A falta completa do movimento é o reino absoluto do frio. Lugar onde reinam as pamonhas e os óleos de peroba. Que são parados. Que permanecem parados e que não se movem pra canto algum. E por isso é gelado. E as pamonhas são e o frio é e a gente também. Quando não se move.

E às vezes a gente para. E para nós tudo é frio, tudo é distante. Como se estivéssemos no meio de um lago congelado que tem tudo pra ser quente, fazer calor, andar de jet ski e churrasco. Mas se congela. Tudo é plano e absolutamente tudo é frio. A pamonha é. Ela é. Ela faz o frio.

E nem sempre ela é fria. Ela foi quente mas tudo que é quente esfria. A pamonha esfriou, o mundo esfriou, o tempo esfriou e o lago esfriou. Tudo que é quente esfria e tudo que se movimenta para e o mundo um dia há de parar tudo um dia há de esfriar e quando o mundo todo esfriar tudo acabará em pamonha e tudo parará

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